Crítica// Vingadores: A Era de Ultron
A perfeita síntese dos elementos que criam um bom quadrinho
Logo na primeira cena já nos deparamos com um plano-sequência de ação incrível, que já serve pra demonstrar que o filme seria uma evolução do primeiro em diversos aspectos. Nessa primeira cena vemos todos os personagens interagindo de maneira magnífica com a ação e o melhor disso é que a ação é bem limpa, em momento algum fiquei confuso ao ver aquela gama de acontecimentos simultâneos.
A cena que descrevi anteriormente diz muito de uma sensação que o filme passa, que é a de ler uma boa história em quadrinhos, o longa transmite muito bem a sensação que se tem quando se passa uma tarde lendo uma boa história em quadrinhos, pois assim como em uma hq você pode ler simplesmente admirando a arte e os quadros de ação, sem dar muita atenção ao roteiro e deixar uma leitura mais detalhada pra uma próxima vez em que você ler aquele quadrinho, mas o mais interessante que ao fazer isso você não perde em nada em relação a sua experiência, você só irá ganhar caso veja o filme com um olhar mais crítico.
Esse "feeling" de quadrinhos não se limita apenas ao roteiro, em certos momentos do filme Joss Whedon consegue emular em alguns planos muito bem o que seria uma página de quadrinhos na telona, fazendo a ação com vários personagens na tela ao mesmo tempo e cada um deles em uma camada diferente, interagindo com a ação a sua volta de formas diferentes, o que remete bastante aos quadros de uma página de uma hq.
Como disse no primeiro parágrafo o filme é uma evolução do primeiro filme, mesmo tendo um número maior de personagens, o longa consegue trabalhar muito bem cada um deles, dando mais tempo e destaque para personagens que ainda não tiveram seus filmes solo. Que é o caso da Viúva Negra, que apesar de ter aparições em diversos filmes solo de outros heróis, tinha sido explorada muito superficialmente nesses filmes, no entanto em a Era de Ultron é revelado um pouco do passado da personagem, além de que ela desenvolve uma relação com Bruce Banner, que no começo me pareceu um pouco forçada, mas a medida em que a relação se desenvolveu a dúvida que tinha em relação a isso acabou, pois a relação dos personagens só se mostrou ser um caminho mais fácil para o desenvolvimento de ambos, mas ainda é algo bem desnecessário.
Contudo para minha surpresa o personagem que ao menos pra mim foi o que mais se destacou em A Era de Ultron foi o Gavião Arqueiro, que foi muito bem desenvolvido diferentemente do filme anterior onde na concepção de muitos o personagem foi apenas um mero figurante, nesse segundo filme da franquia vemos a mediocridade de Clint Bardon (Gavião Arqueiro) sendo utilizada não só para seu próprio desenvolvimento, mas também para o desenvolvimento dos outros personagens do filme, pois em diversos momentos do longa que é completamente megalomaníaco, Clint serve pra equilibrar o filme, ele nos traz uma perspectiva mais humana dos acontecimentos épicos do filme.
Ainda falando de humanidade, nada mais justo do que falar de Ultron, o grande vilão dessa segunda fase da Marvel nos cinemas, que ao menos pra mim é um vilão bem complexo e supera facilmente o vilão do primeiro filme, que é o Loki. No filme o personagem teve pouco tempo pra ser trabalhado, mas nesse pouco tempo as motivações do mesmo ficaram bem claras. Ultron demonstra ser muito mais que um ser artificial, pois em alguns momentos ele é extramente lógico e frio, concluindo que a extinção do problema é a única resolução para o mesmo, mas em outros momentos demonstra características genuinamente humanas, mostrando ter emoções, indo em busca de um corpo perfeito para alimentar o seu ego e ao decorrer da trama deixando de ser uma criação e se tornando um criador, que é insano ao ponto de desenvolver um humor bastante peculiar e fazer coisas que são extremamente desnecessárias apenas pra suprir sua vaidade.
Já o Visão que para muitos é a melhor coisa do filme, é essencial para trabalhar uma dualidade com Ultron e mostrar que o todos somos criaturas, e o que nos torna em criadores são as nossas escolhas, tudo aquilo que decidimos ao decorrer de nossas vida é o que molda cada um de nós.
O filme consegue introduzir muito bem as jóias do infinito, que já apareciam a um tempo no universo cinematográfico da Marvel, mas em A Era de Ultron finalmente foi esclarecido para o grande público a importância que elas terão para o universo e todos os conflitos que elas podem gerar daqui pra frente.
Se na maior parte do texto foi enaltecido que o filme é uma evolução do primeiro, mas mesmo havendo essa evolução o filme ainda se prende muito a estrutura do primeiro. Esse problema na estrutura do longa, faz com que ele se repita bastante, deixando o roteiro muito previsível, enfraquecendo muito os momentos de clímax do filme. O filme ainda é épico, mas poderia ter sido bem mais épico caso não houvesse esse tipo de problema.
Acho que muitos desses problemas de estrutura se devem a duração do filme, que deixa tudo muito corrido. Tendo pouco tempo pra desenvolver tanta coisa só resta ao filme seguir uma fórmula que já deu muito certo.
Vingadores: A Era de Ultron é um filme grandioso, mas como o primeiro serve pra refletir muito do que irá acontecer na próxima fase de filmes da Marvel e acredito que isso é mais um elemento que contribui pra deixar o filme mais interessante, pois além de acompanharmos a trama que desenvolve no próprio longa, também podemos vislumbrar um pouco do futuro do universo que está sendo construído.
Vingadores: A Era de Ultron nos faz subir ao topo de um arranha-céu, que já é uma experiência grande por si só, mas não nos tira a chance de admirar o horizonte que com certeza pode ser uma experiência muito maior.
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